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POTENCIAL CONTRIBUIÇÃO DO ISLAM NO BRASIL,
face os aspectos históricos e culturais da formação do país e das características da presença islâmica Sheikh Muhammad Ragip* Palestra para o Congresso "El Islam em las Orillas" – Sevilha - 2003
Visão Geral do Brasil e sua formação cultural e religiosa. O Brasil, capital Brasília, com 8,5 milhões km² de extensão territorial (16,8
vezes maior que o território da Espanha), comporta uma população de 165 milhões de habitantes. Situa-se na América do Sul sendo português o idioma oficial do país. As enormes extensões de terra que compõem o país, eram habitadas, no início do século XV, por uma população indígena estimada em 2 milhões de pessoas, vivendo da pesca e da
agricultura rudimentar, caça e coleta de alimentos. Oficialmente, os portugueses chegaram ao Brasil em 22 de abril de
1500, embora pesquisas históricas indiquem que sua expedição foi precedida por outras incursões. De início, a exploração das novas terras deu-se preferencialmente pela extração de pau-brasil. Em 1532 foi fundado o
primeiro povoado, São Vicente, no litoral próximo à atual cidade de São Paulo. Com a expansão da presença portuguesa e o cultivo da cana de açúcar os primeiros colonos passaram a escravizar os indígenas para o trabalho
agrícola. Por volta da segunda metade do século XVI, a dizimação das populações indígenas pelas doenças trazidas pelo europeus (gripe, varíola, sarampo) e pelos conflitos, aliada à dificuldade de adaptação dos indígenas
ao trabalho escravo, levou os primeiros colonos à utilização de escravos negros. Do século XVI ao século XIX, estima-se que de 3 a 4 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil. A partir da segunda metade do século XVI, tornou-se marcante a presença dos jesuítas no trabalho de conversão dos indígenas ao catolicismo e fundando aldeias comunitárias
similares às missões presentes na América espanhola. De modo geral, os primeiros colonos chegaram com ânimo de exploração,
motivados pelas perspectivas de fazer fortuna com a extração das riquezas da terra. Esta circunstância deixou profundas marcas em nossa formação, por ser determinante na orientação das políticas coloniais da coroa
portuguesa. Após abolição da escravidão em 1888, a necessidade de mão de obra, para a agricultura, principalmente a do
café, em substituição ao trabalho escravo, abriu espaço para a imigração em larga escala. Até fins da década de 1940 estima-se que o Brasil recebeu aproximadamente 5 milhões de imigrantes. Deste total, 2/3 foram
constituídos por italianos, portugueses e espanhóis. No 1/3 restante contam-se principalmente alemães e japoneses, e grupos menores de russos, sírio-libaneses e outros. Em anos mais recentes, após a segunda guerra mundial, novos contingentes de imigrantes coreanos, chineses e de países sul-americanos, como Bolívia e Paraguai aportaram
ao Brasil. Deste modo, a formação da cultura brasileira encontra fortes raízes nas culturas européia, indígena, negra além
de influências orientais, moldando o brasileiro como indivíduo versátil e adaptável, aberto ao contato e a apreciação das mais diversas influências culturais. Em 1964, com a tomada do poder pelos militares, ocorreram mudanças que marcaram profundamente duas ou três gerações de brasileiros, até os dias de hoje. Por um lado os
militares privilegiaram o desenvolvimento econômico, dispostos que estavam a transformar o Brasil em uma potência emergente. Mas, por outro lado, através de uma série de "Atos Institucionais", suspenderam direitos
políticos, eliminaram a possibilidade da população eleger o Presidente da República e os Governadores dos Estados, instauraram uma política de censura, cerceando a liberdade de expressão, e iniciaram uma fase de
repressão e perseguições políticas. No campo educacional, foram iniciadas reformas desastrosas que levaram a uma queda
acentuada na qualidade do ensino público. Atualmente vive-se uma crise de qualidade no sistema educacional. O ensino privado é de melhor qualidade, porém, de custo elevado, e só é acessível a pequena camada da população
brasileira. Atualmente, tanto o ensino público quanto o privado têm dificuldade para transmitir valores éticos e morais
durante a fase de formação da criança brasileira. Outro fator agravante, também decorrente da revolução de 1964, é a crise
ética nas comunicações. Durante o regime militar instaurou-se a censura às comunicações, o que levou ao controle de toda a produção artística e cultural. O exercício exagerado do poder de censura e o cerceamento das
liberdades políticas levou a uma aspiração intensa pela volta das liberdades democráticas. Com a redemocratização, consubstanciada na Constituição de 1.988, foi abolida a censura e instaurada, na própria constituição, a
liberdade irrestrita de expressão. Assim, do exagero da repressão extremada o país passou para o exagero da ausência de qualquer limite ético ou moral na expressão cultural.
As grandes redes de comunicação operam e concorrem entre si sem qualquer restrição quanto ao conteúdo de suas mensagens e sem qualquer preocupação com o efeito
resultante de sua programação na formação dos valores da sociedade brasileira. Nos últimos anos a baixa qualidade da produção televisiva é assustadora. Como muçulmanos, sabemos que parte da natureza humana é animal, movida pelos desejos e pelas paixões, e que compete ao ser humano aprender a educar esta natureza animal
para servi-lo na busca dos propósitos superiores da existência humana. No entanto, a natureza animal em nós é absorvente e selvagem. Se cairmos em seu controle somos levados ao comportamento anti-ético, injusto,
violento, cruel, imoral, pervertido. Ora, a competição, pela audiência e pelo lucro, entre as grandes redes de comunicação
se dá através do estímulo às paixões e apetites desta mesma natureza animal. Programação que incita o ódio, o medo e a violência gera grandes índices de audiência. Índices de audiência maiores ainda são gerados pela
programação que estimula sexualmente, através da exposição da sensualidade explícita, do erótico e mesmo do pervertido e grotesco. Tudo sem qualquer restrição ou limite, uma vez que a irrestrita liberdade de expressão é
garantida pela Constituição de 1988. Como conseqüência há uma crise de valores. Há uma generalizada ausência de
referências de certo e errado, até porque formadores de opinião aparecem nas produções culturais, nos noticiários e nas colunas sociais, dando exemplos de comportamento anti-ético, imoral e injusto. Seu comportamento
torna-se exemplo e referência de conduta. Os defensores de ausência de limites na comunicação alegam que mostram apenas uma
verdade que já existe. Esquecem, no entanto, que em sua irrefreada competição, promovem e estimulam o aumento da frequência do comportamento anti-social, anti-ético e imoral, sendo desta forma, também responsáveis pela
desagregação da conduta nas populações que atingem Temos assim a junção de vários elementos. Por um lado, crise no sistema
educacional, com a falência das escolas, tanto públicas como privadas, na tarefa de levar valores éticos e morais à formação das crianças em idade escolar. Por outro lado, estatísticas apontam que programas de TV são
assistidos por 98%, e de rádio por 88%, da população brasileira, no mínimo uma vez por semana. 87,4% dos lares brasileiros possuem um ou mais aparelhos de TV. Televisores e rádios que, de forma intensa, contínua, em
qualquer horário, alcançando pessoas de todas as idades, transmitem exemplos bem sucedidos de comportamento anti-ético, injusto, violento, imoral, pervertido. Em depoimento pessoal, afirmo que quando era adolescente, a 35 anos atrás, pelos idos de 1968, não havia no Brasil tantos assassinatos por motivos fúteis, assaltos,
sequestros e mortes violentas, mães solteiras, famílias desfeitas e crianças abandonadas. Havia mais solidariedade e respeito nas relações sociais. Crise econômica não é suficiente para explicar a magnitude da
desagregação de que somos vítimas pois quem tem sólida formação ética e de valores humanos aprende a suportar as vicissitudes da vida de forma paciente e tenaz, sem descambar para a imoralidade ou o crime, buscado
formas lícitas e éticas de vencer as dificuldades. Em termos religiosos 71% da população é constituída por católicos, 13%
por cristãos evangélicos. Os demais 16% distribuem-se em ampla variedade de religiões como cristãos independentes (adventistas, mórmons, testemunhas de Jeová), cristianismo ortodoxo, islamismo, com população estimada em
1 milhão de fiéis, espiritismo, budismo, igreja messiânica, judaísmo, shamanismo, religiões afro-brasileiras em formas sincréticas do cristianismo com tradições de origem africana, como umbanda e candomblé. A atmosfera geral é de ampla liberdade religiosa, sem conflitos significativos ou perseguições com motivação religiosa. Até porque
a plena liberdade de fé é garantida pela Constituição Brasileira. Em anos recentes, infelizmente, tem se observado algumas manifestações de intolerância entre algumas correntes de cristianismo evangélico contra as
tradições afro-brasileiras, embora sem ter evoluído para conflitos mais significativos. Observa-se também que, favorecida
pela natureza multicultural do povo brasileiro, as pessoas circulam com relativa facilidade entre as religiões participando e assimilando práticas e rituais diversos de sua religião original. Ë muito comum ver cristãos
que, como vimos, constituem a maioria da população, participarem ou mesmo serem praticantes assíduos de rituais de espiritismo e cultos afro-brasileiros de umbanda e candomblé, ou ainda de práticas orientais de budismo,
yoga, shamanismo. Outro aspecto importante a ser mencionado é que a prática religiosa, na maioria da população,
principalmente nos grandes centros, não é inserida no cotidiano. Pertencer a uma determinada religião tende a ser uma expressão formal, decorrente do fato da pessoa ter nascido de pais que professam determinada
religião, em sua maioria católica. Desta forma os valores, práticas, princípios e fundamentos tendem a ser desconhecidos. Para a maioria, a igreja é lembrada apenas nos grades acontecimentos da vida como nascimento,
casamento e morte. Assim, a religião, carreadora dos valores maiores e universais de orientação para a conduta humana, também não tem sido capaz de contribuir para a educação ética e moral da população brasileira.
Aspectos da Presença Islâmica no Brasil Há referências a presença de muçulmanos no Brasil desde a expedição de Pedro Álvares Cabral que aqui chegou em 1500, trazendo navegadores do origem árabe. Posteriormente, o
tráfico de escravos trouxe grandes contingentes de muçulmanos negros, capturados na África. Estes muçulmanos organizaram as primeiras revoltas pela libertação, porém afastados de suas origens e sem possibilidade de
exercer plenamente sua religião, e a forte repressão ocorrida no século XIX, fez com que, como o passar do tempo, seus descendentes perderam sua heranças islâmicas, que acabaram por ser esquecidas, restando apenas
traços sincreticamente misturados a práticas animistas. Novo contingente de muçulmanos chegou ao Brasil a partir do final
do século XIX e início do século XX, com os imigrantes de origem árabe, especialmente sírios e libaneses, que instalaram-se nos grandes centros industriais, dedicando-se preferencialmente ao comércio. Embora não existam estatísticas oficiais, estima-se que a população muçulmana no Brasil esteja entre um milhão e um milhão e meio
de fiéis. A maioria de origem árabe, principalmente sírio, libaneses, com presença menor de palestinos, egípcios, marroquinos e outras nacionalidades. O número de brasileiros convertidos é relativamente pequeno no
contexto da comunidade islâmica. Os muçulmanos de origem árabe iniciaram a instalação, de forma mais
permanente, das bases da religião islâmica no Brasil. Em 1927, na cidade de São Paulo, foi fundada a Sociedade Beneficente Muçulmana Palestina. Em 1929, com a chegada de sírio-libaneses, a denominação da sociedade foi
alterada para Sociedade Beneficente Muçulmana. Em 1956 é inaugurada oficialmente, também na cidade de São Paulo, a primeira mesquita brasileira. Atualmente encontram-se referencias a mais de 80 associações muçulmanas em todo o país, sendo que o número de mesquitas e salas de oração ultrapassa 50.
A índole receptiva do brasileiro, a abertura e a liberdade com que os imigrantes foram recebidos, a amplitude das oportunidades de trabalho e
negócios existentes no Brasil são fatores que aliados à disciplina e à força de trabalho destes imigrantes muçulmanos, fez com que, em poucas décadas, se estabelecem e alcançassem prosperidade. Hoje constituem uma
comunidade bem instalada e bem sucedida. Por outro lado, o contato com uma população de costumes e tradições não islâmicas,
a dificuldade em manter a aderência aos princípios da religião em um país de maioria católica, levou estes imigrantes, em uma atitude defensiva, a fecharem-se nas comunidades árabes. Era um esforço para preservar sua
identidade cultural e sobretudo para transmitir a seus filhos as referências corretas da conduta islâmica, temerosos de que uma integração maior com os brasileiros levassem a uma degradação dos costumes. Como resultado desta postura fechada e exclusivista, não há programas divulgação do islamismo voltados para a população brasileira.
As atividades culturais organizadas pela comunidade árabe são direcionados para a própria comunidade. Basta dizer, como exemplo, que, regra geral, os sermões da sexta-feira são efetuados em árabe, e só recentemente um
pequeno resumo passou a ser lido em português, em algumas mesquitas. A pouca integração cultural com a comunidade
brasileira faz com as organizações islâmicas de origem árabe desconheçam o linguajar, a forma de pensar, a mentalidade e as sutilezas da interação social de um brasileiro típico. Assim nas poucas oportunidades que
procuram fazer um trabalho de divulgação, a forma e o conteúdo de sua mensagem acabam dificultando a assimilação pelos brasileiros, por vezes gerando maior resistência que compreensão. No Brasil há muita desinformação. Noções básicas a respeito da história, da conduta e dos princípios islâmicos são totalmente desconhecidos, mesmo
entre pessoas cultas e de bom nível sócio-econômico. As informações que chegam através da mídia escrita, falada e televisiva são as relativas às guerras e conflitos, principalmente no Oriente Médio. A expressão
"terroristas islâmicos" ou "fanáticos muçulmanos" são lugar comum na impressa, levando à incorreta associação do extremismo com a religião. Isto criou um senso geral negativo que, embora não leve a condutas agressivas
em relação aos muçulmanos, difunde uma atitude preconceituosa. Por outro lado o sufismo tem despertado nos meios mais
instruídos o interesse e a curiosidade sobre a mística islâmica, e tem sido um dos caminhos através do qual muitos brasileiros convertem-se ao Islam. Os lamentáveis acontecimentos de 11 de setembro também geraram muita curiosidade, pois erroneamente, devido à desinformação, a tragédia foi associada ao Islam. As pessoas
passaram então a buscar informação sobre a religião na tentativa de compreender a motivação por detrás dos acontecimentos.
Como resultado, representantes da religião foram assediados pela imprensa, ávida de informações. Eu, pessoalmente, que a alguns anos já fazia um trabalho de divulgação, tive oportunidade de participar de dezenas de
entrevistas, debates e palestras a convite de órgãos de imprensa e de organizações interessadas em compreender os princípios básicos do Islam. Foi muito salutar observar também a abertura e disponibilidade de integrantes da comunidade muçulmana de origem árabe, que também saíram a público, de forma intensa, no
esforço de esclarecer e informar. Possível contribuição do Islam, no momento atual, na sociedade brasileira. A mencionada crise de valores éticos e morais não é particularidade do Brasil mas é uma característica generalizada dos tempos atuais, em todo o mundo. O materialismo
descontrolado, a ganância e sobretudo a ausência de temor a Deus e de fé na justiça divina estão levando a humanidade a gerar gigantescos desequilíbrios na relação do homem consigo mesmo, com os demais seres humanos,
com a natureza. Como conseqüência temos doença e dor, violência e injustiça, decadência e sofrimento em escala global.
Olhando o passado, constatamos que o advento do Islam, no século VII, transformou os árabes, então um povo selvagem, inculto, sem noção de justiça, com o mais forte impondo sua vontade em detrimento dos interesses e
direitos do mais fraco. O Islam os educou e tornou-os uma força civilizadora que, em poucas décadas, levou sua influência da península Ibérica às fronteiras com a China.
Como entender esta mudança sem considerar os princípios trazidos pelo Islam, de respeito à vida, à justiça, aos direitos de homens e mulheres, à família, ao
conhecimento, à propriedade, à diversidade cultural dos povos, bem como a proibição da destruição e da agressão. Estes e
outros princípios moldaram as mentes e os corações do povo árabe transportando-os de uma era de ignorância para uma era áurea, de forma que enquanto a Europa mergulhava e uma idade de trevas a civilização islâmica fazia
avançar a humanidade em áreas como medicina, química, astronomia, matemática, filosofia, e muitas outras. Nos dias de hoje,
apesar dos enormes avanços da ciência e da tecnologia, a humanidade vive uma crise de valores éticos e morais. Nações poderosas, que se consideram defensoras da liberdade, na realidade afastam-se dos princípios de
justiça e legalidade, fazendo uso de poder econômico e militar numa política de dominação e expropriação da nações menos favorecidas. Seu exemplo, exacerbado pelo excessivo materialismo, manifesta-se também nas condutas de empresas e de indivíduos de todos os níveis sócio-econômicos, em que as disputas pelo
poder, a busca do lucro e de vantagens competitivas justificam o comportamento imoral e anti-ético. Desta forma, é enorme a
potencial contribuição do Islam, para o bem da humanidade, nos tempos atuais. Urge o empenho na divulgação e aplicação daqueles mesmo princípios que transformaram o povo árabe no século VII.
Na América Latina em geral e no Brasil, em particular, os sintomas de desagregação ética tornam imprescindível o empenho de todos no esforço
educativo de recuperação desses princípios. Este é uma serviço a Allah. Portanto, não é mais possível aceitar
passivamente a manutenção da imagem caluniosa e mentirosa de nossa religião. Precisamos reagir, sair a público, multiplicar nossas atividades de intercâmbio e de diálogo inter-religioso. Precisamos multiplicar nossos
esforços e nosso empenho em mostrar o verdadeiro Islam e sua potencial contribuição, em termos de valores humanos e éticos, na solução dos problemas da atualidade. Precisamos acima de tudo, nos educar nesses mesmos
princípios e demonstrar através do exemplo de nossa conduta, o papel correto que o ser humano deve exercer na vida. Tenho
nos últimos anos participado de esforços de diálogo inter-religioso, de debates, e palestras. Neste trabalho, constato quão desconhecido é o Islam e o quanto muda favoravelmente a opinião das pessoas quando recebem a
informação correta. Portanto, há uma espaço de participação na sociedade que precisa ser ocupado de forma construtiva. Não com o objetivo de converter a sociedade em que vivemos, mas com o objetivo de levar nossos
valores e princípios, naquilo que podem ser compartilhados com o propósito de cooperar na solução das graves questões que a humanidade está enfrentando. Como vimos anteriormente, a formação do povo brasileiro tem fortes raízes multiculturais, moldando um indivíduo versátil e que tende a ser aberto a novas informações e às
diferenças. Desta forma, nós muçulmanos no Brasil, precisamos nos adaptar a esta realidade e superar algumas de nossas dificuldades para nos tornarmos capazes de cumprir o papel que nos cabe, como herdeiros da Mensagem
de Allah. A comunidade árabe precisa, sem perder a identidade e a vivência dos valores islâmicos, integrar-se mais
amplamente à cultura local, buscando compreende-la. Neste aspecto, valorizar a participação dos brasileiros convertidos é fundamental, uma vez que enraizados na terra conhecem a forma de pensar e de sentir do brasileiro
típico. É necessário também distinguir com precisão a cultura árabe da religião islâmica e da sharia, não esquecendo que o
Islam é universal, para toda a humanidade, e que usos e costumes de um povo não devem se sobrepor à Lei Divina. Todos,
convertidos ou não, precisamos trazer para nossas condutas os princípios e exemplos de Resulallah (saws), divulgando o Islam em nosso meio, principalmente através de nossa prática em nossos lares, com nossos vizinhos e
amigos, em nosso trabalho, em nosso participação social em geral. Precisamos compreender e vivenciar a orientação do Profeta (saws) quando nos adverte que entre dois extremos a melhor opção para o fiel é a do meio
termo. Islam é a religião da unidade, então também precisamos nos esforçar para manter a unidade na comunidade de Muhammad (saws), nos empenhando para reconhecer o justo valor de cada um, sua potencial contribuição, e
nos associarmos de forma construtiva. Hajj Sheikh Muhammad Ragip al-Jerrahi |
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